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O Atual Panorama Do Mercado E Das Instituições Formadoras De Técnico De Segurança Do Trabalho

5 maio 2010

O Atual Panorama Do Mercado E Das Instituições Formadoras De Técnico De Segurança Do Trabalho 
 
 
A base de um bom profissional está na qualidade da sua formação educacional. Para que o aprendizado seja satisfatório, uma série de fatores precisam ser respeitados para que todo o conteúdo programado pela instituição de ensino seja transmitido da forma correta. Segundo a pedagoga Fernanda Paparella, a estrutura e a instrução dos profissionais são alguns diferenciais. “Um dos pontos principais é a estrutura física do local destinado, que deve conter, pelo menos, o mínimo exigido para dar conforto e segurança, assim como local para pesquisa, salas arejadas, biblioteca e computadores de consulta”, diz. Em sua opinião, outro ponto importante é a formação dos profissionais que irão lecionar. “Não basta apenas conhecer o assunto, tem que possuir didática para ensinar. E mais, a atualização constante é fundamental para qualquer segmento”, conclui Fernanda.

A formação do Técnico em Segurança do Trabalho está implícita nessa afirmação. Hoje, pelas estimativas realizadas pelo SINTESP, existem, no Estado de São Paulo, cerca de 350 instituições de ensino, formando, aproximadamente, 4.000 técnicos por ano. Tânia Angelina dos Santos, diretora de Formação Profissional do SINTESP, afirma que os dados não são conclusivos. “Para uma estimativa real, precisamos dos dados do CEE – Conselho Estadual de Educação, e do Ministério do Trabalho. Entretanto, já solicitamos várias vezes os números, e as entidades não informam. Hoje a base de dados que temos está focada nos cadastros realizados no SINTESP”, enfatiza Tânia.

O curso de Técnico de Segurança do Trabalho, conforme a grade curricular autorizada pelo CEE, deve conter no mínimo 1.200 horas de aulas (aproximadamente dois anos contínuos) e mais 400 de estágio supervisionado nas empresas. O aluno dever ter concluído o ensino médio e ter, no mínimo, 17 anos. A dificuldade do encaixe nos estágios fez com que algumas escolas atribuíssem o TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, para suprir essa necessidade.

O Tecnólogo tem seu espaço?

Outro ponto discutido atualmente é a inserção do papel do Tecnólogo em segurança no mercado de trabalho. Segundo o Censo de Educação Superior divulgado em fevereiro houve um aumento de 390% nos alunos que ingressaram em algum curso superior de tecnologia entre 2002 e 2007 chegando a 188.347 em todo o país. A definição entre as duas profissões é semelhante, assim como o Tecnólogo em Segurança do Trabalho “é o profissional que analisa os métodos e processos de trabalho, identificando suas condições e fatores de risco”, o Técnico em Segurança do Trabalho, segundo o dicionário Michaelis, é “aquele que verifica as condições de trabalho de uma empresa, identificando fatores de risco e propondo uma solução”.

Essa semelhança não é por acaso, e o presidente do SINTESP, Armando Henrique comenta: “o Ministério do Trabalho e Emprego, historicamente, adota o princípio de não regulamentação de nova profissão que conflite com funções de outro segmento já existente. Nesse contexto, é sabido que existem profissões regulamentadas com funções específicas para a área de segurança do trabalho”.
Armando afirma, ainda, que a formação do SESMT é outro atributo dessa discussão: “conforme a NR-4, há o SESMT composto por quatro profissões – Técnicos de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança, Médico do Trabalho e Enfermagem do Trabalho. No entanto, experiências têm demonstrado que, de acordo com as especialidades, mais de 20 outras profissões poderão fazer interface de forma complementar. Nesse quadro, o ‘tecnólogo em segurança’ é absolutamente dispensável para não se sobrepor às funções dos técnicos de segurança e engenheiro de segurança do trabalho” conclui.

Vale ressaltar que o Tecnólogo em Segurança do Trabalho não é uma profissão regulamentada.

Mercado de trabalho concorrido

O mercado de trabalho em vários setores está saturado. Não é diferente com o Técnico de Segurança do Trabalho, e para Rene Cavalcanti, Técnico de Segurança e professor da ETEC Cidade Tiradentes, esse é um cenário comum: “o mercado de trabalho está tão concorrido como qualquer profissão. Entretanto, vão saturando cada vez mais devido ao número de formandos que é muito maior que o de vagas no mercado”. Por sua vez, o professor da ETEC Rocha Mendes, Gilberto Mas Urtado, aponta outro viés dessa situação: “tenho verificado que os alunos bem preparados conseguem se colocar no mercado de trabalho”. Outra vertente comentada por Urtado é a adequação na empresa que o aluno trabalha: “uma situação comum é a recolocação na própria empresa. Mesmo trabalhando em outros departamentos, o aluno se candidata para a vaga de Técnico de Segurança do Trabalho na empresa, e, por meio de um processo seletivo interno, é escolhido. Essa situação é bem comum hoje em dia”, finaliza o professor.

A nova estruturação do piso salarial chama a atenção. Desde maio de 2009, o valor de R$ 2.015,20 é um grande atrativo para novos alunos. A diretora Tânia, do Sintesp, mostra preocupação com relação a essa questão. ”Existe um número grande de profissionais para poucas empresas e depois que criamos um piso adequado, o número de escolas passou de cinco para 100, não se preocupando com a qualidade de formação e sim com a ‘venda’ do curso. Entretanto, não são todas as escolas que pensam dessa forma.

Existem algumas instituições comprometidas que seguem aquilo que tratamos como qualidade de ensino”. Sobre a fiscalização dos cursos, a diretora comenta: “temos uma política de acompanhamento nas escolas, contudo, depende sempre da reciprocidade da instituição de ensino”, adverte.
O aluno do Instituto Rocha Marmo de Ensino, Paulo Cezar da Cruz, concorda com a afirmação da diretora: “o mercado não está suportando o grande número de pessoas que ingressam nos cursos. O pessoal tem procurado essa área devido ao alto piso salarial” e continua: “por ser um segmento pouco comentado com a grande população, os pretendentes fazem uma comparação com alguns cursos superiores e descobrem que o piso do Técnico em Segurança é maior que muitas profissões de nível superior e com isso, escolhem o técnico por ser um curso de menor duração”, exalta.

A especialização é uma nova realidade?

A especialização pode ser uma das saídas para que o profissional esteja engajado com o mercado. “O mercado de trabalho precisa é de especialistas por segmento de atividade, ou seja, técnico de segurança pode e deve especializar-se, por exemplo, no setor da indústria da Construção Civil, na indústria Química ou Petroquímica, etc. Sendo que o MEC reconhece como especialização pós técnico, cursos com duração de no mínimo 20% da carga horária da formação, com esse adendo deverá conter cerca de 240 horas”, exemplifica o presidente Armando Henrique.

Uma pesquisa recente, realizada pelo próprio SINTESP, aponta uma tendência que merece ser discutida. Para chegar a esses números foram entrevistados Técnicos de Segurança do Trabalho formados há um ano e Técnicos que realizaram a homologação nesse mesmo período. O resultado apontou que apenas 30% dos recém formados estão empregados. Em contrapartida, cerca de 80% dos técnicos que realizaram a homologação há um ano, já estão recolocados no mercado de trabalho. A especialização e a experiência profissional, mais uma vez, são diferenciais para a entrada ou a manutenção dos empregos e consultorias.

A busca pelo conhecimento deve ser constante em qualquer fase da vida. Saber escolher as instituições de ensino é o primeiro passo para uma carreira de sucesso. O mercado de trabalho está ai, com suas dificuldades, entretanto, aberto aos profissionais que por meio da informação adequada estabelecem o seu diferencial.
 

Fonte: O Atual Panorama Do Mercado E Das Instituições Formadoras De Técnico De Segurança Do Trabalho