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Uma semana para a segurança

6 junho 2012

por Fabiano Lopes

Cerca de 2600 profissionais da Souza Cruz se aglomeravam no dia 15 de maio em um auditório da fábrica da cidade de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, para assistir a uma palestra sobre saúde. Era o início da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat) da empresa. O evento, que se repete anualmente, acontece sempre no mês de maio, há 20 anos. A escolha do mês para a realização do evento se dá para aproveitar a visita de fornecedores à fábrica. “Usamos a Sipat para reforçar o nosso modelo de gestão de segurança e saúde ocupacional”, ressalta o coordenador de Segurança do Trabalho da Souza Cruz, Jaime Peretti.

A Semana Interna de Prevenção de Acidentes pode parecer um evento qualquer, mas sua realização é obrigatória e estabelecida por Lei. Ela é uma das obrigações anuais da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) e deve ser realizada por toda e qualquer empresa, independente do ramo de negócio ou do número de empregados. “Mesmo as empresas que não precisam ter CIPA devem possuir um funcionário para realizar esta e qualquer outra atividade de responsabilidade da Comissão”, explica Milena Sanches Tayano dos Santos, coordenadora editorial Trabalhista e Previdenciária da IOB Folhamatic.

Com o objetivo principal de conscientizar empregados e empregadores sobre a necessidade de evitar acidentes e doenças do trabalho, não há data específica para a realização da Sipat, mas, por tradição, a maioria das empresas a realiza no mês de maio, assim como acontece na Souza Cruz. “Uma lei que não está mais em vigor estabelecia o mês de maio para a realização da Semana”, aponta Milena. Os conteúdos a serem abordados na Sipat também são livres. “Não há norma que estipule temas a serem tratados e nem como esses conhecimentos devem ser passados, isso vai de acordo com a realidade da empresa, do seu negócio e de seus trabalhadores”, afirma a especialista.

Na Souza Cruz, por exemplo, os assuntos variam a cada ano e são estabelecidos a partir de um diagnóstico de saúde ocupacional e segurança. “Neste ano, foram debatidos assuntos relacionados às doenças sexualmente transmissíveis (DST), incluindo Aids, segurança no trânsito e palestras comportamentais focadas na segurança do trabalho, como ergonomia e qualidade de vida”, explica Peretti.

Os recursos utilizados para envolver os trabalhadores na Sipat também são diversos. Palestras, teatros, vídeos educativos, concurso de cartazes e jogos eletrônicos de segurança são usados. “Entendemos que precisamos adequar a forma de comunicação a cada público”, ressalta. O engajamento dos colaboradores é estimulado ainda por ações de comunicação interna e por iniciativas de sensibilização por parte dos gestores. Mas há algumas dificuldades: “como trabalhamos com muitos turnos é difícil garantir que todos os funcionários tenham acesso à semana. Por isso, trabalhamos com horários alternados”, aponta o coordenador.

O que a Souza Cruz faz nesses eventos é o recomendado pelos especialistas. Identificar junto aos empregados o tema a ser abordado durante a semana é o primeiro passo. “Se a empresa verificar que seus empregados estão sofrendo muitos acidentes no trajeto para o trabalho, ela pode acrescentar o assunto ‘segurança no trânsito’ na Sipat”, exemplifica Rafael Correa Lobo, sócio-diretor da Conceito-Zen (empresa especializada no tema).

Porém, esse tipo de consulta à realidade não é tão comum. “A dificuldade em realizar isso existe porque há uma falsa ideia de que existem temas obrigatórios na Sipat. O que há, na verdade, são assuntos a serem necessariamente abordados no decorrer do ano pela CIPA, mas a escolha dos assuntos abordados durante a Semana é livre”, informa o consultor. Por essa razão, geralmente, os temas ficam presos em quatro grandes grupos: segurança do trabalho, meio ambiente, sexualidade e qualidade de vida.

Lobo acrescenta ainda que a Sipat deve ser usada como ferramenta para mostrar aos funcionários a importância de temas ligados à segurança. “É um trabalho que precisa ser contínuo, e não restrito a ela”, afirma. Peretti concorda. “A Sipat deve ter um papel de complementação e de reforço do trabalho conduzido durante todo o ano”.

Fonte: Uma semana para a segurança