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Resgatistas lutam contra doenças, após 11 de setembro

23 dezembro 2010

Quase uma década após os ataques terroristas de 11 de setembro, em Nova York, os profissionais que atuaram como socorristas no Ponto Zero ainda estão lutando com as doenças que adquiriram. Durante uma audiência, em 29 de junho, perante a Comissão do Senado para assuntos de Saúde, Educação, Trabalho e Pensões, o senador, Tom Harkin, afirmou que milhares de socorristas que trabalharam no World Trade Center foram expostos a uma “infusão tóxica” de gases e partículas. Após os ataques, o governo criou programas para atender às várias necessidades dos resgatistas e socorristas, mas o senador disse que estes esforços podem não ter sido suficientes. “Nós estamos aprendendo que os males à saúde causados pelo desastre de 11 setembro são muito mais extensos e abrangentes do que muitas pessoas inicialmente pensavam,” disse Harkin, presidente da Comissão.

Doença Crônica

Um estudo publicado no “New England Journal of Medicine” (vol. 362, nº14) sugere que os bombeiros que trabalharam nos ataques ao World Trade Center sofreram danos pulmonares mais graves do que os outros bombeiros. Dos quase 13 mil bombeiros e socorristas que trabalharam no local do WTC, a maioria apresentou uma grave e persistente degeneração de suas funções pulmonares, após os ataques, de acordo com os pesquisadores do Albert Einstein College of Medicine of Yeshiva University, de Nova York. Os profissionais de resgate que atuaram no WTC não apresentaram até hoje sinais de recuperação significativos de suas funções pulmonares, em comparação com os danos pulmonares típicos dos bombeiros. Segundo os pesquisadores, as causas são a natureza incomum da nuvem de poeira do WTC e o tempo de exposição.
Outro estudo, publicado na internet em 18 de maio no jornal Environmental Health Perspective, revelou que 22% dos profissionais e voluntários que atuaram no local do WTC apresentaram redução da sensibilidade olfativa, dois anos após os ataques. Um outro estudo conduzido por um instituto científico independente da Filadélfia, o Monell Chemical Senses Center, também revelou que 75% dos profissionais e voluntários apresentaram redução na capacidade de detectar substâncias irritantes. A maioria destas pessoas estava consciente dos danos que sofreu.

De acordo com Pamela Dalton, chefe do estudo e psicóloga ambiental do Instituto Monell, o olfato é essencial para a saúde e segurança do ser humano, considerando-se que este sentido pode ser a primeira linha de defesa contra substâncias químicas trazidas pelo ar.

Atenção aos doentes

Segundo John Howard, diretor do NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) e coordenador do Departamento de Saúde dos Trabalhadores, até março de 2010, 52.667 socorristas se inscreveram no Programa de Saúde do WTC. Este programa é realizado por meio de vários centros clínicos que cadastram os interessados, fazem a triagem clínica e mental e o tratamento dos pacientes.

De acordo com David Prezant, chefe do Departamento Médico do Corpo de Bombeiros de Nova York e co-autor do estudo da Yeshiva University, os pacientes com sintomas crônicos relacionados à exposição aos resíduos do WTC necessitam de cuidados prolongados – algo que não é possível com a estrutura vigente dos programas que oferecem o tratamento.

 

Fonte: Resgatistas lutam contra doenças, após 11 de setembro