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Postura inadequada e longas jornadas trazem desconforto a dentistas

19 julho 2012

Data: 16/07/2012 / Fonte: Revista Proteção

Os problemas posturais dos cirurgiões-dentistas são motivo de muitas reclamações por parte desses profissionais. O bem-estar do cirurgião-dentista, durante e após o dia a dia de trabalho, vem sendo estudado há algum tempo, sendo o desconforto e a má postura fatores determi­nan­tes para o aparecimento de doenças relacionadas ao trabalho, causando incômodos e, algumas vezes, impedindo o desempenho profissional. Atualmente, com a preocupação de alguns dos aspectos ergonômicos, como: cuidados com a adequação do posto de trabalho, fatores organizacionais e psicológicos, muitos dos problemas diminuíram, entretanto, ainda há dificuldades em se evitar os problemas posturais.

Na Odontologia, entre todas as doenças do trabalho, o distúrbio postural é o que tem sua prevenção mais negligenciada, mas pode ser prevenido por meio da adaptação dos instrumentos de trabalho e da conscientização sobre a importância da postura correta durante a atividade clínica. As queixas de dor e de desconforto dos dentistas vêm sendo cada vez mais frequentes e associadas ao ritmo acelerado e aos longos períodos de trabalho sem pausas para descanso e recuperação das estruturas do sistema musculoes­que­lético.

Pesquisas

A maior parte dos estudos ocupacionais entre cirurgiões-dentistas identifica os sintomas osteomusculares como os problemas mais frequentemente relatados. Pesquisas recentes descrevem os sintomas de dor e de desconforto em diferentes regiões corporais, algumas vezes com uma considerável diferença entre as taxas de prevalência. No estudo de Eliza­beth Cali­na de Souza Barbosa, um número expressivo de profissionais (68,9%) a­presentou sintomatologia dolorosa, indicativa de dor musculoesquelética. Serafim Barbosa Santos Filho descobriu que 58% dos dentistas apresentaram dor muscu­loes­­que­lética em uma ou mais regiões do segmento superior do corpo, dos quais 41% tinham queixa em apenas uma região e 14% em duas regiões. A dor nos braços, mãos e punho, segundo o autor, foi o sintoma mais relatado, com preva­lência de 22%, seguido de coluna torácica e/ou lombar (21%), pescoço (20%) e ombro (17%).

Em pesquisa com uma população de 430 dentistas, concluiu-se que 62% de toda a amostra referiram pelo me­nos uma queixa musculoesquelética, 35% referiram pelo menos duas queixas e 15% referiram três queixas nos últimos 12 meses. Em outro estudo, a maioria dos dentistas (87,2%) teve pelo menos um sintoma musculoesquelético nos últimos 12 meses, sendo as regiões mais preva­lentes: pescoço (57,5%), região lombar (53,7%) e ombro (53,3%). Encontrou-se, em uma outra revisão sistemática realizada por pesquisadores australianos, uma prevalência geral de dor osteomuscular entre 64% e 93% da amostra. As regiões on­de a dor apareceu com maior prevalência foram: lombar (36,3%-60,1%) e pescoço (19,8%-85%).

Nem sempre os cirurgiões-dentistas conseguem adotar posturas corporais adequadas. Os motivos podem ser desde a dificuldade de adaptação do posto de trabalho e da tarefa às suas condições psicofisiológicas, à falta de musculatura preparada para realizar suas atividades la­bo­ra­tivas ou até mesmo não ter conheci­men­to prévio suficiente de como posicionar-se adequadamente. É preciso investigar quais as características da carga à qual o trabalhador está submetido para facilitar a elaboração de diagnósticos e o planejamento de mudanças nas condições de trabalho. Nesse sentido, os objetivos desse ar­­tigo são: investigar a prevalência dos sin­tomas osteomusculares, assim como analisar o conhecimento destes profissio­nais sobre as condições de trabalho relacionadas à sua atividade profissional e verificar se existe correlação entre algumas situações inadequadas no trabalho e aos problemas de saúde referidos pelos cirurgiões-dentistas que trabalham em clínicas odontológicas privadas de Porto Alegre.


Fonte: Postura inadequada e longas jornadas trazem desconforto a dentistas