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Pacto pela erradicação do trabalho escravo pode se expandir

24 maio 2011

Pacto pela erradicação do trabalho escravo pode se expandir

 

O Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo pode tornar-se internacional. Segundo Leonardo Sakamoto, da ONG Repórter Brasil, já há a necessidade de reproduzir seu modelo em outros países e ampliar a sua atuação. “O Pacto Nacional pode ser adaptado em diversos países, mas também possuímos o desejo de ampliá-lo para abranger a América do Sul, com a criação do Pacto Sul Americano pela Erradicação do Trabalho Escravo. Se o capital não encontra fronteiras, a luta pela dignidade dos trabalhadores também não pode encontrá-las”, disse ele ao Blog.

A ideia, segundo ele, é envolver as empresas que atuam tanto no Brasil quanto em demais países da América do Sul para que o que vale aqui possa valer, também, em outros países nos quais elas estão situadas.

O Pacto é um acordo que reúne empresas comprometidas em erradicar a escravidão contemporânea. Na data em que completou seis anos de existência, na semana passada, foi realizado em Brasília seu IV Seminário Internacional.

Atualmente, ele reúne 185 signatários – entre empresas brasileiras e multinacionais, associações comerciais e entidades da sociedade civil – que, juntos, contribuem com mais de 20% no PIB nacional. Os participantes do pacto, entre outras medidas, se comprometem a não possuírem relações, em suas cadeias produtivas, com empresas envolvidas na exploração de mão de obra escrava.

Leonardo Sakamoto, que faz parte do Comitê de Coordenação e Monitoramento do Pacto Nacional -, diz que “o Pacto Nacional funciona e é a sua capacidade de mostrar resultados sua maior campanha”. Ao Blog do Trabalho, ele concedeu a breve entrevista abaixo:

Pergunta – Em seis anos de existência, como podem ser enumeradas as maiores conquistas do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo?

Leonardo Sakamoto – Primeiramente, o pacto fez com que o combate ao trabalho escravo fosse encarado como política empresarial. Isso porque se o setor privado é perpetrador de uma injustiça social, ele deve participar, também, do processo de melhoria ou solução. Hoje, o novo plano nacional proporciona maior consciência de que todos nós somos responsáveis: governo, sociedade e empresas. A segunda coisa que deve ser evidenciada é a melhoria na qualidade das cadeias produtivas no Brasil. Com os estudos e mapeamentos que desenvolvemos, foi possível identificar os envolvimentos com o trabalho escravo por meio de cadeias produtivas. Por último, o pacto tem uma função pedagógica junto ao consumidor. Ele trouxe para dentro da discussão do consumo consciente e do produto sustentável a questão do trabalho escravo, que antes não havia. Nada disso, porém, seria possível sem o trabalho desenvolvido pelo Ministério do Trabalho e Emprego. Tanto o Grupo Móvel de Combate ao Trabalho Escravo, responsável pela libertação dos trabalhadores, quanto a “lista suja” [cadastro de empregadores envolvidos com o trabalho escravo], são as bases do Pacto. A partir da lista suja é que foi possível o estudo na cadeia produtiva, em que se mostrou o quanto o trabalho escravo está imbricado na sociedade.

Fonte: Pacto pela erradicação do trabalho escravo pode se expandir