OIT estima mais de 200 milhões de desempregados pós–crise

OIT estima mais de 200 milhões de desempregados pós–crise

Genebra – Cerca de 205 milhões de pessoas estão fadadas ao desemprego no mundo, segundo o relatório “Uma Nova Era para a Justiça Social”, apresentado na 100ª Conferência Internacional do Trabalho, em Genebra, pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo representantes de governos e da própria OIT, a crise econômica pela qual passou o mundo há dois anos ainda encontra resquícios nos mercados globais, propagando-se para a economia real e para o mundo do trabalho, com reflexos na empregabilidade.

Ao longo da Conferência, representantes tripartites dos 183 países participantes do encontro se mostraram preocupados com o atual contexto econômico pós-crise, em especial os países europeus, que ainda apresentam altas taxas de desemprego em relação ao período anterior a 2008. No segundo bimestre de 2011, a Espanha apresentou o maior crescimento do desemprego desde o início da crise mundial, segundo o Ministério do Trabalho espanhol. 

“É inaceitável o alto nível de jovens desempregados e a estagnação dos investimentos na economia real”, desabafou o diretor geral da OIT, Juan Somavia, na oportunidade da apresentação do relatório.

O estudo mostra o Brasil como um dos países com taxas de desemprego abaixo do percentual médio dos países desenvolvidos em 2009, no ápice do colapso financeiro. Enquanto a taxa brasileira apresenta o equivalente a 8,9% da população economicamente ativa, Estados Unidos e União Européia apresentaram um percentual de 9,3% e 9%, respectivamente. 

Para o assessor especial para assuntos internacionais do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Mario Barbosa, a situação enfrentada pelo mundo a partir de 2008 não representa a única razão para o alto índice de desemprego, que já era anterior à própria crise financeira e econômica internacional, mas tem grande peso para a realidade atual.  

A OIT estima que cerca de 50 milhões de empregos se perderam durante a hecatombe financeira global, mas a diretora da instituição no Brasil, Laís Abramo, afirma que o Brasil já se recuperou da conjuntura desfavorável. “A defesa dos direitos do trabalho deve ser mantida e reforçada em épocas de crise”, lembra.

Em 2009, a Conferência da OIT adotou o Pacto Mundial do Emprego, que contém uma série de medidas no sentido de defender o emprego e a renda em um contexto de crise e posteriormente em um processo de recuperação, a fim de garantir avanços na geração de empregos de qualidade, sem prejudicar os direitos coletivos.

A embaixadora da Representação Permanente do Brasil junto dos organismos da Organização das Nações Unidas (ONU), Maria Nazareth Farani Azevedo, imputa a rápida recuperação brasileira à adoção de políticas sociais eficientes. “Enquanto vários países buscaram salvar os bancos, procuramos salvar a produção econômica pela via da política social”, conta.

As discussões em torno da proteção social ao trabalhador, que envolvem a criação de políticas para a criação de empregos e superação de entraves à empregabilidade, continuam até o dia 17 de junho. O trabalho doméstico e o trabalho decente são os principais temas da 100ª Conferência, juntamente com aspectos da inspeção do trabalho.

Fonte: OIT estima mais de 200 milhões de desempregados pós–crise