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O engenheiro José Carlos Nunes Siqueira fala de SST na América do Sul

12 abril 2011

 

O engenheiro José Carlos Nunes Siqueira fala de SST na América do Sul

 

O engenheiro químico José Carlos Nunes Siqueira iniciou na DuPont do Brasil, no início dos anos 70 como estagiário chegando a um dos postos mais altos da empresa, o de gerente regional de saúde, segurança e meio ambiente da América Latina, do qual acaba de se afastar para se aposentar. Do tempo em que permaneceu na empresa, pelo menos 20 anos foram nesta mesma função, o que lhe possibilitou amplo conhecimento no desenvolvimento de uma gestão de riscos eficaz em empresa de altíssimo risco como na área de explosivos, por exemplo, em países de culturas tão distintas como Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, entre outros. 

Uma das ferramentas que lhe serviu de suporte para implantar a integração da saúde, segurança e meio ambiente nas diversas unidades da América Latina foi deixada em sua mesa de trabalho pelo presidente da multinacional no Brasil, que a trouxe dos Estados Unidos fazendo apenas uma vaga ideia do que se tratava. Era o livro verde, o Responsible Care, desconhecido ainda no Brasil. Foi por meio de Siqueira que o programa, depois batizado no país de Atuação Responsável, chegou à Abiquim e daí se disseminou pelo território brasileiro sendo hoje aplicado em todas as grandes indústrias do ramo químico. 

Proteção – O senhor começou na DuPont como engenheiro químico. Como passou a atuar na área de Segurança do Trabalho?
Siqueira – Entrei na unidade de Barra Mansa, no Rio, em 1973 e fui trabalhar em manufatura, operações de uma maneira geral, aonde cheguei a gerente de fábrica. Nessa época, a DuPont estava fazendo um grande esforço para internacionalizar com mais agressividade os aspectos de gerenciamento de risco. Vivi um momento em que novas ferramentas estavam sendo implementadas, havia uma energia diferente. Comecei a me engajar, a participar de comitês, a tomar iniciativas aqui e ali, até porque não era difícil fazer a conexão entre quem trabalhava na supervisão de produção e as necessidades de segurança em uma fábrica que produzia explosivos. O interessante, e que fica como um grande legado, é que na DuPont aquilo que qualquer profissional dentro da fábrica fazia em termos de segurança era absolutamente reconhecido. Além dos aspectos éticos, da sua necessidade pessoal, esta valorização era extremamente estimulante do ponto de vista profissional. Em 1976, apareceram os primeiros cursos de Engenharia de Segurança. A CSN, de Volta Redonda, queria muito montar uma base para trabalhar sua segurança interna, então ela entrou com patrocínio junto a uma faculdade, trouxeram professores da Universidade Federal Fluminense e montaram o primeiro curso. Foi quando iniciei a especialização e logo percebi que me ajudaria em aspectos mais técnicos, como a gestão operacional. O apelo naquela época, como a legislação preconizava, era formar profissionais com base de Engenharia para colocar na Segurança e Saúde Ocupacional. Para mim foi bastante útil, pois agreguei um grande conhecimento ao que se vivenciava dentro da fábrica. Na metade da década de 80, a DuPont tinha desenvolvido pesquisas de novos produtos, pretendia expandir algumas fábricas. Foi criada uma função, em São Paulo, que funcionaria como uma ponte entre vendas, negócios e operações. Eles acharam que eu tinha o perfil e tive a oportunidade de trabalhar cinco anos no grupo de negócios, em São Paulo, coordenando lançamentos de novos produtos, expansões de fábricas, planejamento estratégico, conectando operações com vendas e marketing. Foi um grande aprendizado e absolutamente em linha com o que eu trazia de bagagem de operações. No final de 1989 a empresa, que tinha subsidiárias individualizadas em vários países começou a pensar do ponto de vista da regionalização e então foi criada a DuPont América do Sul e Jorge Rosas, que era argentino, mas respondia pela DuPont do Brasil, havia sido indicado para ser o seu presidente. Ele tomou uma decisão muito racional e interessante: iniciar a regionalização pela área que a empresa tinha mais tradição e tecnologia que era saúde, segurança e meio ambiente.

Fonte: O engenheiro José Carlos Nunes Siqueira fala de SST na América do Sul