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No O Tempo: “Patrões e empregados se unem por competitividade”

7 março 2012

Publicado em 01/03/2012 no O Tempo.

 

 

Historicamente em lados opostos, patrões e empregados militam em um mesmo time pelo menos em uma área. Representantes do setor produtivo e dos trabalhadores entregaram, juntos, no começo desta semana, um manifesto ao governo federal cobrando melhores condições de competitividade para a indústria.

 

Organizações do porte da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT) encabeçam o movimento “Grito de alerta em defesa da produção e do emprego brasileiros”, que irá organizar pequenos atos em todo o país e um grande até público em Brasília, ainda neste semestre.

 

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Luiz Alberto Neto, a motivação para o movimento é “sair do discurso e partir para ação”. “O governo só vai se movimentar se houver mobilização e pressão”, diz Neto. “Eu estava me sentindo aquele tio inconveniente que faz a mesma piada em toda festa. Cansei desse papel”, ironiza.

 

As declarações foram dadas na tarde de ontem durante a divulgação dos indicadores conjunturais da Abimaq de 2011 e para o primeiro mês de 2012. Apesar de apontarem um aumento no faturamento, de R$ 24,9 bilhões em 2010 para R$ 29,7 bilhões em 2011, a produção não aumentou. “Esse faturamento maior se deu em razão do aumento das importações. Os fabricantes estão importando cada vez mais componentes. Mercado no país ainda existe, por isso o faturamento cresceu, mas a indústria está morrendo”, reclamou Neto.

 

A diferença entre o que os fabricantes de máquinas e equipamentos exportam e o que eles importam tem crescido ao longo dos anos. Desde 2008, o déficit tem batidos recordes históricos. Em 2011, ele foi de US$ 17,8 bilhões.

 

Apenas entre os meses de novembro e dezembro do ano passado, o setor cortou 2.323 postos de trabalho. “Isso é um reflexo direto da desindustrialização que está em curso em todo o país”, disse o diretor da Abimaq em Minas Gerais, Henrique Freitas.

 

A associação não possui dados específicos de Minas Gerais, mas Freitas diz que, no Estado, o diagnóstico é o mesmo apontado para o resto do pais. “O dólar fica mais baixo e o custo Brasil só sobe. Ano a ano vamos perdendo competitividade”. De acordo com a carta de reivindicação enviada para o Senado Federal na última terça-feira (29), de 2001 a 2012 a inflação acumulada no país foi de 115% e o dólar caiu de R$ 1,82 para R$ 1,70. “Não há milagre de competitividade que resista a isso”, diz Neto.

 

Brasília. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) informou ontem que avaliará a solicitação do setor têxtil sobre o pedido de abertura de investigação para aplicação de salvaguarda no segmento de confecções. Depois da conclusão da apuração, que não tem prazo para terminar, o Ministério decidirá se abrirá o processo ou se arquivará o caso. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Aguinaldo Diniz Filho, informou, também ontem, que o setor prepara petição até meados de março. Ele relatou que já entrou em contato com os ministros Guido Mantega e Fernando Pimentel, e que recebeu apoio do governo.

Fonte: No O Tempo: “Patrões e empregados se unem por competitividade”