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No O Globo: “Empresas investem na capacitação”

13 junho 2012

Publicado em 10/06/2012 no O Globo.

 

Vale faz parceria com CNPq. Programa da área de petróleo prevê qualificar 10 mil profissionais até 2015.

O aquecimento da engenharia civil não se reflete apenas nas grandes obras ou nas grandes empresas. Um exemplo é o engenheiro civil Álvaro Viana, especializado em geotecnia. Depois de trabalhar no mercado por cinco anos, ele apostou na criação da própria empresa, a Alta Geotecnia, de olho no nicho de meio ambiente e sustentabilidade.

Em dois anos, a firma já cresceu 400%, e emprega dez pessoas – entre as quais oito engenheiros.

– Dentro da engenharia civil, há bastante mercado para esse nicho. E ainda são poucos com boa formação e experiência – diz Alvaro, lembrando que sua empresa estará, até 2013, no Instituto Gênesis, incubadora de empresas da PUCRio.

– Compensamos nossa dificuldade de pagar altos salários com aprendizado que dificilmente o profissional teria em grandes empresas: realizar todas as etapas do trabalho.

Prominp prevê qualificar mais 10 mil engenheiros O fato é que a necessidade de contratar gente qualificada está levando até as gigantes em seus setores, como a Vale, a investir no incentivo à formação de engenheiros. Junto com o CNPq, a mineradora acaba de lançar o Forma-Engenharia, programa que oferecerá 2,5 mil bolsas para graduação de engenheiros, pesquisadores na área e também para pessoal da área técnica. No total, serão investidos R$ 24 milhões, metade por parte da Vale.

– Nós queremos suprir a deficiência que existe no mercado, especialmente de gente especializada em engenharia civil, mecânica, de minas, transportes e química, que são fundamentais para nós – afirma Luiz Mello, diretor do Instituto Tecnológico Vale.

Como encontrar engenheiros com boa formação específica nas áreas de atuação da companhia também é um problema, a Vale investe ainda em especialização profissional, em parceria com universidades.

Cada programa tem duração de três meses, e é destinado a profissionais com pelo menos três anos de formados.

– Ninguém forma profissionais com as especializações de que necessitamos: ferrovias, portos, mineração. Apostamos em educação como estratégia para perpetuar o conhecimento e alcançar os resultados esperados nos negócios – diz Desiê Ribeiro, gerente geral de Educação e Desenvolvimento de Pessoas da Vale.

Já na indústria de petróleo e gás, o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), da Petrobras com o governo federal, prevê qualificar dez mil engenheiros até 2015. Até agora, já foram qualificados cerca de seis mil profissionais de nível superior, em cursos de pós-graduação na área.

Para o professor Antônio MacDowell Figueiredo, da Coppe/UFRJ, entretanto, políticas de incentivo à formação e à especialização de engenheiros não resolvem o problema da escassez de mão de obra qualificada que, segundo ele, tem origem no ensino brasileiro.

Seu estudo estima que, só em 2015, haja um déficit de 220 mil engenheiros no país.

– Isso é um problema estrutural seriíssimo, que tem a ver com a questão do ensino fundamental e do ensino médio – diz Figueiredo, acrescentando que um levantamento feito por ele mostrou que, de cada cem alunos que ingressam no ensino fundamental, apenas 12 concluem uma faculdade.

Fonte: No O Globo: “Empresas investem na capacitação”