Publicado em 09/06/2012 no Estado de Minas.
A valorização dos trabalhadores de nível técnico num cenário em que as empresas é que correm atrás dos bons profissionais contribuiu para o avanço da participação das mulheres nas escolas profissionalizantes. O técnico qualificado muitas vezes passa a desempenhar tarefas que antes eram reservadas ao empregado com formação de nível superior, destaca Anselmo Pires, coordenador do curso técnico de mecânica do Cefet/MG. Do ponto de vista dos salários, no entanto, as diferenças podem ser expressivas. A remuneração inicial de um técnico em mecânica parte de R$ 2 mil, ante R$ 3 mil a R$ 3,5 mil para o engenheiro dessa especialidade.
Os salários para técnicos em instrumentação, por sua vez, podem alcançar a faixa de R$ 4 mil a R$ 4,5 mil, bem superior aos vencimentos de profissionais de nível superior em várias áreas das ciências humanas. Isso, sem contar a capacidade de negociação dos profissionais bem formados. As oportunidades de ingresso no mercado de trabalho para as técnicas qualificadas são melhores do que se poderia imaginar há alguns anos, segundo a pedagoga Liliane Quintão Miranda, do Centro Tecnológico de Eletroeletrônica César Rodrigues (Cetel), do Senai-MG. “Acompanhamos os alunos depois que eles concluem o curso e as mulheres estão se dando muito bem nas grandes empresas. Elas são, em geral, mais maduras que os homens e compromissadas com a profissão”, afirma.
Apaixonada pela área de eletrônica, Sara Silva, de 17 anos, é uma das nove alunas da turma de 35 estudantes que vão concluir o curso técnico em eletrônica em dezembro do ano que vem. “Quero sair daqui trabalhando na área. E depois vou fazer a faculdade”, diz a garota, que não se incomoda com as brincadeiras ainda frequentes dos colegas em razão do gosto que ela tem pela física e a matemática. Sara concilia as aulas com as horas dedicadas ao terceiro ano do ensino médio, rotina com a qual ela sonhava desde que descobriu a aptidão pela área.
História semelhante conta Bárbara Cecília de Giácomo, de 16 anos, aluna do curso de aprendizagem de manutenção de automóveis. A decisão de ir para a sala de aula enfrentou a resistência do pai, que como alguns dos colegas dela, entendia se tratar de uma profissão masculina, mas Bárbara não se intimidou e o convenceu de que valia a pena aceitar a escolha. “Sempre gostei de mecânica de carros e motos. Vou fazer o curso técnico e o vestibular para trabalhar como engenheira na indústria automobilística”, diz. (MV)
Fonte: No Estado de Minas: “Valorização do nível técnico”
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