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No Correio Braziliense: “Um caminho eficaz para crescer” (Artigo de Robson Braga de Andrade)

25 julho 2012

Publicado em 18/07/2012 no Correio Braziliense. Por Robson Braga de Andrade.

 

Empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A atividade econômica está se deslocando, em grande medida, para as cidades de pequeno e médio porte. Nesses locais, e também nas metrópoles, existe uma gigantesca necessidade de infraestrutura, que deve ser atendida a contento para que as empresas cresçam, criem empregos, gerem renda e ajudem a desenvolver as regiões em que se instalaram. Como o setor público tem recursos limitados para todas as suas atribuições constitucionais, é preciso pensar em expandir a atuação privada em aeroportos, portos, rodovias, ferrovias, energia elétrica, saneamento, petróleo e gás. O Brasil está entre os países com maior potencial de negócios nessas áreas.

O governo federal já deu sinais de que pode promover um reforço no programa de concessões, o que seria uma boa notícia. Não há nenhuma razão pela qual as empresas não possam ampliar sua participação no campo estratégico da infraestrutura. O tempo da dicotomia entre estatal e privado, que tanto acirrou paixões, com desperdício de atenção e energia, foi superado pela necessidade de fazer as economias retomarem o rumo do desenvolvimento. Essa falsa contradição, aliás, nunca teve razão de ser. O mais eficiente é a associação entre as forças dinâmicas do Estado e das companhias em busca de um objetivo comum: o crescimento econômico, com justiça social, melhora da qualidade de vida da população e respeito ao meio ambiente.

Ao promover a concorrência pela exploração de alguns dos principais aeroportos do país, o governo federal mostrou ter uma concepção pragmática sobre as concessões, deixando para trás a antiga visão ideológica que tanto atrapalhou os investimentos no passado. Além de ser estendida às outras áreas da infraestrutura, essa atitude precisa ser copiada por administrações estaduais e municipais. Praticamente em todas as cidades brasileiras há diversos serviços que podem ser explorados pela iniciativa privada de forma mais competente e segura. Em todo o país, por exemplo, existem projetos de aeroportos, ferrovias e portos, sejam fluviais ou marítimos, só esperando a autorização pública para saírem do papel.

A construção desses terminais de transporte e de uma logística moderna é de extrema importância para o escoamento da produção, o que beneficiaria regiões inteiras com mais prosperidade. As concessões serviriam como um motor a dinamizar as economias locais e, em consequência, a nacional. Empreendimentos novos contratam profissionais, que gastam seus salários no comércio, que admite mais trabalhadores e assim por diante. Os investimentos exigidos pelos projetos fazem os recursos girarem por uma cadeia extensa de produtos e serviços, despertando o efeito multiplicador da geração de riquezas. Uma maior eficiência nesses setores estratégicos estimularia a competitividade dos produtos nacionais, com óbvios ganhos nas exportações.

Em outras palavras, um programa abrangente de concessões, nos três níveis de governo, poderia ser o estopim de um círculo virtuoso que faria os investimentos chegarem mais perto de 25% do Produto Interno Bruto (PIB), consolidando o país no rumo do crescimento sustentado. Hoje, por maiores que sejam os esforços feitos por governos e empresas, a taxa de investimento na economia brasileira patina num nível inferior a 20% do PIB. Nas contas nacionais, a formação bruta de capital fixo vem caindo a três trimestres consecutivos, tendo encolhido 1,8% entre janeiro e março. Licitar áreas de infraestrutura certamente é uma medida capaz de reverter o quadro.

A iniciativa se somaria às que o governo tem tomado para estimular a atividade econômica, como a queda da taxa básica de juros e dos encargos cobrados nos financiamentos a empresas e consumidores, a redução dos depósitos compulsórios, os cortes localizados de impostos sobre a produção e o impulso nas compras governamentais. Agora, além do consumo público e das famílias, está na hora de olhar um pouco mais para os investimentos como forma de levantar a demanda agregada. Sempre que eles crescem de maneira consistente, a economia se expande num ritmo mais acelerado e com melhor qualidade – quando a oferta anda na frente da procura, há um desestímulo à inflação.

Devemos olhar sempre à frente, avaliando o melhor modo de alcançarmos os nossos objetivos. Novas outorgas ao setor privado na área de infraestrutura são um caminho eficaz para que a economia brasileira dê um salto de qualidade. Com mais investimentos, melhor logística de transportes e oferta de energia barata, daremos o salto necessário para a consolidação do crescimento econômico num nível desejável.

Fonte: No Correio Braziliense: “Um caminho eficaz para crescer” (Artigo de Robson Braga de Andrade)