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No Brasil Econômico: “Fortalecimento da indústria é a saída para enfrentar crise externa”

6 setembro 2011

Publicada em 31/08/2011 pelo Brasil Econômico.

Inovação, estímulo à produção e ampliação da política de defesa comercial. Para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, são esses os três pilares que darão ao Brasil capacidade de aumentar a competitividade e a produtividade da indústria, cujo fortalecimento é fundamental para que o país consiga enfrentar a atual crise internacional. “Estamos preparados (para enfrentar a crise), mas estar preparado não significa que a solução está dada. Vamos ter que buscar solução para os desafios que estão colocados. Toda a solução econômica passa por uma instância política e uma negociação política”, disse ontem o ministro, após participar de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado, em Brasília.

“Há uma crise internacional, mas não haverá outro país que melhor poderá sair dela do que o nosso. Não faço essa avaliação com otimismo exagerado, mas pela simples analise dos dados que temos”, disse o ministro.

Segundo Pimentel, o Brasil tem as melhores condições no mundo para superar a atual crise econômica mas, para isso, precisa fortalecer a indústria nacional para enfrentar a disputa “predatória” com os produtos estrangeiros. Para o ministro, essa condição brasileira para superar os efeitos da crise decorre do sucesso da aplicação da política fiscal. “Somos um dos poucos países do G20 com déficit nominal abaixo de 2% (do Produto Interno Bruto – PIB). Há cinco ou seis países do mundo que têm esse emblema para mostrar”, afirmou. “Temos responsabilidade fiscal acima da média dos outros países”, completou Pimentel.

Exportações

Pimentel defendeu também a redução do percentual obrigatório de 80% de exportações para que sejam criadas zonas de Processamento de Exportação (ZPEs). Segundo ele, o atual índice inviabiliza a criação das ZPEs. As ZPE são áreas de livre comércio, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens exclusivos para exportação. Elas estão instaladas nas regiões menos desenvolvidas do país, com o objetivo de reduzir desequilíbrios regionais e dispensadas da obtenção de licenças de órgãos federais.

“A gente tem que discutir essa questão das ZPEs à luz da nova realidade do comércio internacional, porque 80% é um percentual muito alto e nenhuma empresa brasileira, quase nenhuma, consegue exportar hoje 80% da sua produção. Então, se mantivermos essa posição, que é da lei original das ZPEs, que tem mais de 30 anos, nós inviabilizamos a criação de qualquer Zona de Processamento de Exportação”, disse o ministro.

Perguntado sobre qual seria, então, o índice adequado, Pimentel preferiu não citar um novo patamar e disse que o setor deve participar da discussão. Hoje, existem 22 ZPEs aprovadas por decreto presidencial, sendo que 7 passam pelo processo de alfandegamento pela Receita Federal para conseguirem o alvará de funcionamento.

EMPREGO E PRODUÇÃO

Em São Paulo, Fiesp revisa as projeções de expansão para baixo

As perspectivas para a indústria paulista para os próximos meses estão menos otimistas. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a crise deve ter reflexos no Brasil e diminuir a atividade e o emprego industrial até o final do ano. “Vem tempo ruim à frente”, diz o diretor titular do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini. O Sensor é uma pesquisa da Fiesp que visa medir o grau de confiança da indústria, antecipando tendências. Para Francini, a instabilidade pelo qual passam os mercados neste momento – em meio a preocupação com a retomada econômica nos EUA e Europa – deve impactar negativamente a indústria nos próximos meses, o que levou a Fiesp a reduzir para 2,5% a estimativa de alta do Indicador do Nível de Atividade (INA) em 2011, contra previsão anterior entre 3% e 3,5%. “A indústria deve perder fôlego, e o emprego vai sentir isso. Não me surpreenderia se (o emprego) entrasse em território negativo”.

PROJEÇÕES

2,5% é a estimativa da Fiesp para a alta do Nível de Atividade em 2011.

3% a 3,5% era a projeção anterior da federação, agora, menos otimista.

0,3% foi a alta do nível de atividade em julho na comparação com junho.

Fonte: No Brasil Econômico: “Fortalecimento da indústria é a saída para enfrentar crise externa”