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No Brasil Econômico: “Emprego recorde reforça retomada do crescimento”

29 novembro 2011

Publicada em 25 de Novembro de 2011 pelo Brasil Econômico. Por Eva Rodrigues.

 

Taxas de desemprego em queda mostram potencial da economia em reagir, mesmo como surpreendente recuo no rendimento.

 

A taxa de desemprego em 5,8% no mês de outubro – a menor em nove anos – é mostra da resistência do mercado de trabalho brasileiro num cenário de crise internacional e desaquecimento do nível de atividade doméstico. E reforça, mesmo que indiretamente, a perspectiva do próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, de recuperação da economia já a partir deste mês.

 

Os dados do IBGE, no entanto, mostram de alguma maneira desaceleração, especialmente pela perda de vigor na evolução do rendimento real do trabalhador nos últimos meses – houve recuo de 0,3% em outubro (leia mais ao lado). Por outro lado, essa queda deve contribuir para suavizar as pressões na inflação de serviços – que acumula alta de 9,10% em 12 meses e que está acima do IPCA (6,69%). 

 

O bom resultado do emprego em outubro resultou principalmente das contratações no comércio e no setor de serviços, que aumentam o número de vagas no final de ano. O comércio, sozinho, gerou 50 mil vagas, expansão de 1,2% em comparação a setembro, enquanto serviços foi responsável pela criação de 64 mil empregos em outubro, alta de 1,8% ante setembro e de 8,4% na comparação com outubro de 2010. Já a indústria perdeu 23 mil vagas (leia ao lado).

 

 

Renda

Mas, para entender o movimento de desaceleração da economia, é preciso um olhar mais minucioso. De acordo com números dessazonalizados pela Tendências Consultoria, o rendimento médio real do trabalhador tinha recuado2% em setembro ante omês anterior e reverteu a trajetória para uma alta de 0,5% em outubro. Mas essa volta para o terreno positivo precisa ser qualificada para que a avaliação seja menos ambígua.

 

“A questão é que, enquanto o rendimento médio total registrou alta de 0,5%, a renda dos trabalhadores sem carteira assinada caiu 3,8%. Esses trabalhadores são mais suscetíveis aos ciclos da economia porque não tem vínculos empregatícios e já estão sendo afetados pela desaceleração da economia. Já o emprego formal tem uma defasagem maior até por conta dos altos custos de contratação ou demissão”, explica o economista da Tendências, Rafael Bacciotti, que revisou para baixo a projeção de crescimento da renda média real do brasileiro, que deve ser 2,6% e não mais de 3,6%.

 

Nos dados acumulados do ano também é possível enxergar a perda de vigor no crescimento do rendimento médio do brasileiro, observada desde julho: de janeiro a julho a alta registrada foi de 3,8%, em agosto cresceu 3,7% e continuou a desacelerar em setembro (3,3%) e o (2,9%).

 

 

Perspectivas

Em relatório, o Bradesco aponta que, apesar da queda na taxa de desemprego entre setembro e outubro, o balanço dos dados do mercado de trabalho continua com sinais de moderação. “Mais especificamente, destacamos a desaceleração no ritmo de expansão da ocupação, ao mesmo tempo em que o rendimento do trabalhador segue sem pressões-o que vai arrefecer a inflação à frente.

 

O estrategista-chefe do Crédit Agricole Brasil, Vladimir Caramaschi, enxerga no crescimento mais fraco da renda-alta de 0,9% no mês ante outubro de 2010, depois de passar por momentos de alta acima de 6% – chance de alívio na inflação de serviços, assim como para a expansão do crédito e para as vendas do varejo. 

 

A moderação percebida hoje no mercado de trabalho deve se manter nos últimos meses do ano. Contudo, a retomada chega no início de 2012. A alta do salário mínimo em 14%, por exemplo, dará impulso ao rendimento. Mais à frente, a partir do segundo trimestre, entram na conta os efeitos do afrouxamento monetário iniciado em agosto. Para o economista da Tendências, o crescimento da economia em 2012 será de 3,7%, com desemprego em 5,8% – mais baixa que os 6% projetados para 2011.

Fonte: No Brasil Econômico: “Emprego recorde reforça retomada do crescimento”