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Na Folha de S. Paulo: “Novo painel de controle da economia traz vantagens para o país, mas custos também”

30 novembro 2011

Publicada em 30 de novembro de 2011 pela Folha de S. Paulo.

MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE

O governo se prepara para acionar botões e manivelas do painel de controle do crescimento econômico. A desarticulação política nos EUA e na Europa e as chances de concretização de cenários antes imponderáveis, como o desmantelamento do euro, assustam as autoridades.

Não é para menos. O quadro externo deu uma guinada para pior desde agosto e os fortes movimentos de retração da liquidez e do crédito têm sido piores até do que o Banco Central imaginava.

A boa notícia é que, ao contrário do que ocorre nas economias maduras, o Brasil tem espaço para evitar que o baque seja muito severo. A economia mundial enfrenta um quadro sombrio em 2012. Diante disso, o governo brasileiro já deixou claro que pretende sustentar o crescimento do país, estimulando o consumo e o investimento.

Como? Há várias formas, sobretudo depois que foram introduzidos novos botões no nosso painel de controle. É possível afrouxar medidas de restrição à oferta de crédito como os impostos introduzidos no início do ano sobre os empréstimos. Isso poderia potencializar os efeitos do ciclo de queda de juros sobre o crédito e a atividade.

Além do arsenal monetário, o governo brasileiro dispõe de poderosos instrumentos de estímulo direto ao crédito, os bancos públicos, como vimos em 2009.

No mundo de hoje, muitos gostariam de estar na posição do Brasil, com tantos botões e manivelas à disposição. Qual é, então, a má notícia? Afinal, se o Brasil conseguir crescer, ainda que com inflação acima da meta, isso não será um excelente resultado?

Sim. Mas infelizmente o emprego desses novos instrumentos tem custos. O risco é que seu uso indiscriminado desorganize os mercados, interferindo na alocação de recursos e prejudicando o crescimento de longo prazo.

Fonte: Na Folha de S. Paulo: “Novo painel de controle da economia traz vantagens para o país, mas custos também”