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Ergonomia – Ergonomia eleva qualidade no trabalho

16 março 2011

Ergonomia – Ergonomia eleva qualidade no trabalho

Postura correta e mobiliário adequado são requisitos para um ambiente de trabalho eficiente e com baixo risco de lesões.

Ana Paula Pessoto

Disposição, motivação, atitude, criatividade e a busca constante por conhecimento são elementos fundamentais para o bom desempenho no trabalho. E para que o rendimento não caia e leve junto a saúde física e mental do profissional, o ambiente de trabalho deve proporcionar condições ergonômicas favoráveis para que a sensação de dever cumprido no fim do expediente não se transforme em constante sensação de dores nos ombros, costas, braços, dedos, pulsos… Este é um risco para quem passa boa parte do dia em frente ao computador, de modo especial para os que não contam com mobiliário adequado e não têm consciência postural.

 
Por meio da Norma Regulamentadora nº 17 (NR-17), que regulamenta as exigências ergonômicas no ambiente de trabalho, a legislação garante a saúde, segurança e o bom desempenho do trabalhador. A ergonomia compreende a fisiologia e a psicologia do empregado. As exigências englobam cuidados com o mobiliário, equipamentos e com a organização das atividades. Pausas no trabalho, conforto térmico, luz, ventilação e até a decoração do ambiente também são levados em conta.
 
“Imagine o quanto é estressante o trabalho de um profissional de telemarketing pelo simples fato de trabalhar com metas. Uma sala com cores fortes estressaria ainda mais esse funcionário. A NR-17 diz que todo empregador deve adequar o ambiente às características psicofisiológicas do empregado, segundo suas atividades”, ressalta Fábio Guardiano Magrini, ergonomista e fisioterapeuta do trabalho.
 
Em Bauru e região, Magrini realiza um trabalho junto às empresas que permitem a adequação desses ambientes através de um levantamento biomecânico de riscos ergonômicos. “Após as etapas da análise, criamos um laudo para gerar soluções para as melhorias. Às vezes, por meio de uma pequena adequação, a empresa e os funcionários ficam livres de problemas relacionados às doenças ocupacionais, como o Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT).
 
Segundo o ergonomista, a disposição dos elementos de uma mesa de escritório, por exemplo, pode causar ou evitar lesões. O telefone colocado do lado contrário de onde está a mão usada para atendê-lo pede que a pessoa cruze o braço sobre seu corpo causando, assim, um pequeno esforço que, a longo ou médio prazo, provavelmente causará uma lesão. “Fiz um teste em certa ocasião e constatei que, em média, um trabalhador com turmo de oito horas diárias chega a passar mais de três delas ao telefone. Por isso, o ideal é que o aparelho esteja na posição correta, ou seja, próximo à mão usada para atendê-lo”.
 
Quem nunca se pegou apoiando o telefone entre o rosto e o ombro enquanto usa as mãos para outra atividade? Tal atitude pode causar uma lesão por encurtamento muscular do pescoço.

 

Adequação
No caso do uso de computadores, é preciso organizar a disposição física dos equipamentos, ou seja, o espaço que o funcionário tem em sua mesa e que envolve os objetos de trabalho. O ergonomista Fábio Magrini orienta que o monitor, assim como o teclado, seja ajustado de modo que fique alinhado com a visão do usuário. Ao digitar, as mãos devem ficar o menos inclinadas possível.
 
“Lateralizado, como vejo em muitas empresas onde presto assessoria, a pessoa até ganha mais espaço, porém, os movimentos de inclinação causam desconforto ao fim do dia.” O corpo tende a se adaptar ao ambiente, que quando planejado de maneira desordenada, gera muito esforço e pode causar lesões.
Lesionado, funcionário pode pleitear indenização
Por meio de uma ação judicial, um empregado lesionado devido à sua atividade laboral pode pleitear na Justiça uma indenização pelos danos que lhe foram causados devido ao descumprimento de normas de segurança e ergonomia do trabalho.
 
Para tanto, é preciso que fique comprovada a omissão ou a negligência da empresa no cumprimento da Norma Regulamentadora Nº17 (NR-17), normativa que regulamenta as exigências ergonômicas no ambiente de trabalho.
 
“Caso a empresa comprove que atendeu todas as normas de segurança e ergonomia do trabalho, mas o empregado desobedeceu tais regras ou foi negligente no cumprimento das normas de segurança, a responsabilidade pelas lesões não poderá ser atribuída à empresa”, acrescenta o procurador do Trabalho, Luís Henrique Rafael.
 
Afastada pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) há cinco meses por uma séria lesão adquirida durante o trabalho, a auxiliar de produção Karla (nome fictício a pedido da entrevistada) precisou voltar às suas funções por estar, teoricamente, apta à função de almoxarifado na empresa de semijoias onde trabalhava como montadora de correntinhas. “A lesão foi tão grave que tive paralisia em um dos dedos da mão”, lembra.
 
Além da lesão no braço, um caroço no ombro esquerdo incomoda a profissional e a impede de realizar suas atividades normalmente. “É como se tivesse um torcicolo permanente. Nem em casa eu consigo desempenhar minhas atividades rotineiras, e isso também me faz sofrer psicologicamente”, desabafa.
 
Indignada com a alta recebida do INSS, Karla procurou um advogado para rever sua condição. (APP)
• Serviço
O telefone da Associação dos Lesados por Esforços Repetitivos de Bauru e Região (Alerb) é (14) 3227-7479.
Como agir
A Associação dos Lesados por Esforços Repetitivos de Bauru e Região (Alerb) existe há cerca de sete anos e tem como um de seus principais objetivos auxiliar os trabalhadores que passaram por perícia do INSS e receberam alta mesmo julgando não estarem aptos para voltar às suas funções.
 
“Pedimos administrativamente que o INSS volte atrás na decisão e, caso o órgão negue o pedido, o trabalhador pode entrar com ação na Justiça Federal ou Estadual. Mas vale ressaltar que os casos podem levar anos até a decisão final do juiz, principalmente se o INSS não concordar com a primeira decisão positiva do judiciário em favor do trabalhador”, explica Marcos Paulo Antônio, advogado previdenciário que presta serviços na Alerb.
 

Fonte: Ergonomia – Ergonomia eleva qualidade no trabalho