EPI – A dignidade dos trabalhadores
EPI – A dignidade dos trabalhadores
RIO – Durante os últimos acontecimentos muito se discutiu nos bastidores do CBMERJ. Da omissão do socorro ao óbito das vítimas por conta da paralização dos serviços. Verdade indiscutível está presente em nosso juramento e na nossa missão: ?garantir a segurança da comunidade, mesmo com sacrifício da própria vida? e a ausência do nosso serviço pode significar a diferença entre a vida e a morte de um cidadão. Também compartilho dessa opinião que é inconcebível uma vida se perder por questões financeiras.
Mas compartilhar dessa opinião não significa ficar calado frente as arbitrariedades, injustiças e incompetências dos nossos gestores. É uma visão muito pragmática achar que apenas a ausência do serviço de emergência será o causador de mortes entre a comunidade.
Será que o mal treinamento não mata? O QOS contratado pro PSE que foi ?jogado? na ambulância salvou todas as vidas que poderia ter salvado se fosse bem treinado? Será que o cansaço não mata? Será que aquele bombeiro que morreu em um corte de árvore não estaria vivo, se ele não tivesse ?virado? do bico?
Será que a falta de equipamentos adequados não mata? Quantos anos de vida não perdeu aquele bombeiro que inalou vapores, derivados dos mais diversos produtos, por ausência de um EPI adequado? E o câncer de Pele? E o pó da china?…
Será que a falta de zelo com o ?material humano? não mata? Comparado com a população comum, porque será que temos mais problemas de articulação, coronários, coluna, emocionais, alcoolismo? Quantas horas de folga nos são retiradas indiscriminadamente por semana? A ausência junto a nossas famílias não nos mata e aos nossos lentamente?
E o arrogante, persistente e irresponsável desrespeito as normas de transito? Será que não mata? Pneus, limpadores de para-brisas, faróis e etc, a precariedade desses equipamentos não mata também?
A falta de treinamento adequado, eficaz e eficiente, não mata? A evasão das fileiras não mata? O processo seletivo duvidoso não mata, quando contrata ou promove alguém incapaz? O corrupto da engenharia não mata, quando a boate pega fogo?
Eu já tenho minhas respostas…
O pragmatismo não nos permite ver que o treinamento não é adequado porque tenho que ir pro bico porque o Estado nos paga mal; que o cara da engenharia se corrompeu (também) porque o Estado nos paga mal; que a falta de bombeiros nas fileiras que aperta a escala se dá porque o Estado nos paga mal.
Os problemas são muitos as soluções variadas, mas antes de resolvermos a questão salarial nada se resolve e vidas continuam e se perder, mesmo com o socorro na rua!
Email:: [email protected]
URL:: http://www.bombeirosdobrasil.com/
Fonte: Correio do Brasil
Comentários