Empresas não estão preparadas para combater o bullying no trabalho
Vítimas de abusos no trabalho também vêm nas chefias um caso de omissão. Fechar os olhos para os problemas entre empregados e não analisar corretamente de forma imparcial e séria o que pode estar acontecendo só piora as coisas para os trabalhadores. Não ver, não ouvir e não falar: esses são os três erros mais comuns dos chefes e gerentes no caso de bullying no ambiente de trabalho, fazendo que a exceção se torne regra e deixando os empregados com péssima saúde mental.
Uma pesquisa da American Psychological Association (APA) aponta que um evento de bullying no trabalho simplesmente apaga qualquer efeito positivo anterior (como uma promoção ou um aumento) sendo entre 5 e 6 vezes o evento mais lembrado pelos trabalhadores após o final de um contrato de trabalho, por exemplo.
Um artigo publicado no periódico British Journal of Guidance & Counselling, indica que algumas companhias, acompanhadas em pesquisas de percepção, até mesmo acham o bullying aceitável. Algumas chefias se agrupam com os bullies (aqueles que praticam o bullying) e outras simplesmente não intervêm. Para alguns executivos, o bullying é visto como uma forma de deixar outros indivíduos mais fortes (um “mal necessário” para construir caráter).
Outras empresas acham confuso distinguir bullying dos conflitos pessoais comuns entre os empregados. Nessas empresas, a ideia vigente é que ambas as partes estão erradas. Pat Ferris, psicóloga especialista e consultora da área de saúde no trabalho, aponta que nos consultórios de diversos profissionais de saúde mental, a lógica, muitas vezes, é se concentrar na preparação daqueles que sofrem bullying para que eles saibam que ninguém intercederá por eles. Isso porque as empresas não estão preparadas para lidar com o problema.
Problema é passado adianteOutro estudo, feito por Bennet Tepper, da Universidade Estadual da Geórgia, EUA, e publicado no periódico Personnel Psychology, acompanhou os níveis de estresse de militares que se sentiam vítimas de bullying. O estudo de Tepper e sua equipe mostrou que esses militares muitas vezes desenvolviam depressão e, para surpresa dos pesquisadores, repetiam o mesmo comportamento abusivo em seus subordinados.
“O modo como os chefes são tratados pode se refletir em como eles tratam sua equipe”, diz Tepper. Um estudo similar, publicado no Academy of Management Journal por Thereza Glomb, da Universidade de Minnesota, também observou que quando uma empresa estabelece normas para combater o bullying dentro do trabalho, um grupo acaba se formando naturalmente e reagindo de forma violenta: as vítimas de bullying passam a cometer atos de excesso, talvez como forma de “pagar na mesma moeda”. E rapidamente a sensação de ser agredido pode gerar mais tensão no ambiente de trabalho.
Uma questão de poderKathryne Dupré e Julian Barling, autores de uma pesquisa publicada no Journal of Occupational Health Psychology, apontam que alguns indivíduos agem agressivamente contra outros pela simples razão de controlarem a sua situação – ou posição – profissional. Estas pessoas, normalmente, acham que seu ambiente de trabalho é um local injusto e que seu profissionalismo não está sendo levado em conta.
Para combater essa “onda” de agressividade, Dupré e Barling sugerem que os chefes e gerentes tenham em mente um ambiente mais colaborativo e onde a opinião dos subordinados tenha algum poder decisório sobre as ações tomadas dentro da empresa: ao ver suas opiniões incluídas nas ações tomadas pela sua equipe, os bullies podem se tornar menos agressivos, sugerem os pesquisadores. Mas isso não aplaca a dor de quem já sofreu com as agressões e a “herança maldita”, se não enfrentada, vai continuar a rondar os corredores da empresa.
fonte: American Psychological Association
Fonte: Empresas não estão preparadas para combater o bullying no trabalho
Comentários