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Emprego na indústria tem pior desempenho em 8 anos

13 maio 2009

        Combalido pela crise, o mercado de trabalho na indústria registrou, em março, o pior desempenho em oito anos: o nível de emprego no setor caiu 5% em relação a março de 2008, o maior tombo desde o início da série do IBGE, em 2001.

        Já em relação a fevereiro, a ocupação teve retração de 0,6% na taxa com ajuste sazonal, o sexto resultado negativo seguido nessa base de comparação. Em queda desde outubro, o indicador registra perda acumulada de 5,8%.

        Até mesmo o rendimento no setor, que se mantinha em alta graças à inflação mais baixa, não resistiu: a folha de pagamento recuou 2,2% na comparação com março de 2008, a primeira taxa negativa desde o começo da crise. Ante fevereiro, houve queda de 2,3%.

       Segundo André Macedo, economista do IBGE, os efeitos da crise ainda afetam o mercado de trabalho industrial. “O movimento de queda é generalizado, atingindo todos os indicadores, as regiões e quase todos os setores. Esse movimento acompanha o menor dinamismo da produção da indústria.”

        Pelos dados do IBGE, foram fechados postos de trabalho em 14 dos 18 ramos industriais pesquisados e em todos os 14 locais -com destaque para São Paulo, maior parque fabril do país, com perda de 4% em relação a março de 2008.

        Para Macedo, a tendência de “suave recuperação” apontada pelos dados de produção de março não se refletiu em melhora do mercado de trabalho industrial. Naquele mês, a indústria cresceu 0,7% ante fevereiro, num sinal, diz o IBGE, de “reação gradual” do setor.

        O único sinal positivo, diz Macedo, é o fato de a ocupação ter caído menos em março do que em meses anteriores -tanto em janeiro como em fevereiro, o recuo havia sido de 1,4% na taxa com ajuste sazonal.

        É, porém, insuficiente para prever a recuperação do emprego industrial no curto prazo. Os próprios números da pesquisa não trazem alento, já que o total de horas pagas pelo setor caiu 0,9% em relação a fevereiro e 5,6% ante março de 2008. O indicador é antecedente ao emprego, ou seja, quando crescem as horas trabalhadas é sinal de contratações no futuro.

        Já para Fábio Romão, economista da LCA, o emprego fabril tende a melhorar em abril, embalado sazonalmente pelo início do processamento da safra de cana-de-açúcar que emprega especialmente na indústria paulista.

         O economista estima que o setor tenha aberto quase 34 mil vagas, segundo projeção feita com base nos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) -que em março registrou o fechamento de 35 mil postos de trabalho formais na indústria.

        Para o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), o crescimento do emprego em relação a fevereiro mostra que “a queda perdeu ritmo em março”, o que é “um bom sinal”. “Não significa que, no curto prazo, os problemas do emprego industrial estejam resolvidos. Os ajustes podem continuar”, diz o instituto.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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