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Como entender a tabela de atenuação e calcular a eficiência do protetor auditivo?

19 setembro 2019

 

FONTE: www.deltaplusbrasil.com.br

Há vários postos de trabalho na indústria nos quais a intensidade sonora no ambiente encontra-se acima do nível considerado como tolerável para um ouvido humano (cerca de 85 decibéis). Entretanto, essa avaliação do som, levando em conta apenas o seu valor em decibel, pode ser classificada, de certa forma, como equivocada, visto que há outros parâmetros para serem analisados na hora de providenciar o devido EPI, como é o caso da tabela de atenuação.

O que normalmente acontece em uma indústria é a distribuição do protetor auditivo para os colaboradores sem qualquer estudo de caso mais detalhado, isto é, é identificado apenas que a fonte sonora no local de trabalho está superior a 85 decibéis e, posteriormente, é comprado o abafador para o específico patamar de decibéis, negligenciando completamente o que determina a tabela de atenuação.

Porém, você já sabe o que é tabela de atenuação e como ela funciona? Então, continue a leitura e confira abaixo tudo sobre esse tema!

Avaliação do som

Além da intensidade sonora em decibéis (pressão sonora), o som tem outra característica importante e que também o ajuda a defini-lo, que é a sua frequência de oscilação.

O ouvido humano consegue captar sons emitidos apenas na faixa de 20 a 20.000 hertz — fora desse patamar, há apenas alguns animais (como cães e gatos) que são capazes de perceber a oscilação da onda sonora. Além disso, cabe ressaltar que há sons que têm o mesmo valor de decibéis, entretanto, são emitidos sob distintas frequências, o que faz total diferença para quem almeja controlar/reduzir esse risco.

Nesse contexto, infelizmente, no Brasil, o setor de segurança do trabalho, em sua grande maioria, considera apenas a pressão sonora da fonte emissora, o que é um erro, já que ignora a frequência de oscilação.

Para facilitar a compreensão desse equívoco, basta pensar que há casos em que um som com apenas 70 decibéis (obviamente abaixo dos 85 estipulados como valor máximo), e oscilando a uma frequência de 20.000 Hz, pode interferir negativamente no coração e no pulmão humanos. Portanto, é uma pressão sonora inferior ao nível máximo, mas que tem potencial de prejudicar a saúde do colaborador devido à sua frequência.

Segurança no trabalho

É a Norma Regulamentadora 15 (NR 15) que determina o máximo de exposição diária para a específica pressão sonora, e, de acordo com ela, 85 decibéis representam o máximo para que um colaborador fique exposto a um período de 8 horas consecutivas e sem proteção. Sendo assim, para esse mesmo tempo de exposição, porém com 100 decibéis (de acordo com a norma), a empresa já é obrigada a buscar meios para o controle do risco.

A forma mais comum de controlar/reduzir o risco sonoro é com a utilização do Equipamento de Proteção Individual abafador de ruído, sendo que, para a situação descrita acima, grande parte das empresas se preocuparia apenas em comprar um EPI com 15 db de atenuação.

Basicamente, toda a indústria segue esse perfil de análise (denominado como método curto de avaliação de ruídos), contudo, visando a garantir, de fato, a segurança do colaborador, é necessário adotar o procedimento correto de avaliação, chamado de método longo.

Tabela de atenuação

Para entendermos o método correto de avaliação, é interessante compreender, inicialmente, o que é a tabela de atenuação e como ela funciona.

Desse modo, imagine, agora, um abafador de ruído que contenha, em seu certificado de aprovação (CA), uma atenuação de 22 db. Em um cenário ideal, ele reduz a intensidade do som ambiente em 22 decibéis, porém, essa conclusão é rasa e muito provavelmente estará errada na prática.

Já no cenário real, a sua atenuação variará de acordo com o valor da frequência de oscilação da onda sonora. Em outras palavras, há casos em que esse mesmo EPI especificado para atenuação de 22 db alcançará outros valores de redução (tanto para mais quanto para menos).

Dessa forma, a tabela de atenuação trabalha justamente em cima dessa equivalência, buscando calcular a verdadeira redução sonora segundo a frequência do som e o valor de atenuação de referência (especificado no abafador de ruído).

Aplicação da tabela de atenuação

O chamado método longo de avaliação nada mais é do que a aplicação da tabela de atenuação, o qual tem o intuito de considerar a frequência do som para definir, com precisão, qual é a verdadeira taxa de redução do ruído.

Exemplo

Em um ambiente de trabalho, há uma fonte sonora que emite ruídos de 120 db e com frequência de 8.000 Hz. Pela NR 15, um colaborador que atua 8 horas nesse local teria apenas que utilizar um EPI que reduza em 35 db o ruído.

Porém, ao consultar a tabela de atenuação de um abafador de ruído de 22 db, concluímos que, para a frequência de 8.000 Hz, a sua atenuação passa a ser de 38 db, abaixando, assim, a pressão sonora percebida pelo ouvido para 82 db, isto é, um nível seguro.

Já esse mesmo EPI de 22 db, quando utilizado para abafar um som que oscila em uma frequência de 125 Hz, segundo a tabela, passa a atenuar apenas em 12 db. Portanto, a eficiência do protetor auditivo não se mede apenas pelo número NRR(SF) (Noise Reduction Rate Subject Fit — taxa de atenuação de ruído em colocação subjetiva), mas, sim, pela análise da frequência do som também.

Sabendo disso, é possível afirmar com propriedade que, infelizmente, há muitas situações na indústria em que o setor de segurança do trabalho imagina controlar o risco (no caso, o ruído), mas, na verdade, continua a equipe atuando em locais perigosos para a saúde.

Sendo assim, como a frequência do som também é um parâmetro que impacta no momento de especificar o Equipamento de Proteção Individual (EPI), é fundamental, então, a empresa sempre considerar o estudo da tabela de atenuação. Caso contrário, há risco de os colaboradores perderem a audição gradativamente, ou, até mesmo, sofrerem consequências no coração e no pulmão.