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Brasil ainda desconhece novas tecnologias em segurança contra incêndio aplicadas no mundo

23 dezembro 2010

Após participarmos de alguns treinamentos e eventos internacionais, como a Interschutz 2010, Willians Fire e National Foam, presenciamos o alto nível tecnológico das empresas do setor de prevenção e combate a incêndio. Consideramos, a partir disto, que desconhecemos muitas tecnologias e produtos que no Brasil poderiam ser empregados se realmente contássemos com instituições que pudessem conduzir nossos bombeiros e profissionais especializados do ramo em direção a estas novas técnicas de combate ao fogo. Acredito que uma “Universidade do Fogo” seria fundamental para qualificação destes profissionais com o conhecimento necessário para requisitar e implantar os recursos adequados a cada situação de risco em todos os segmentos de mercado. Governo, instituições, organismos e empresas do ramo em geral seriam muito mais conscientes e competentes em analisar os riscos que envolvem os profissionais do fogo, bem como os riscos específicos das indústrias e do comércio em geral, além da segurança do ser humano, evidentemente. O risco na prevenção e combate ao fogo na Europa, Japão, Estados Unidos, Brasil, entre outros, é o mesmo. Por que não temos também os mesmos recursos e não alcançamos essa condição privilegiada de equipamentos modernos, tecnologia de ponta e uma capacitação profissional de qualidade? A resposta é que o modelo de gestão atual  impede a competitividade e profissionalismo em nível internacional.

O Corpo de Bombeiros deveria ter maior autonomia do Estado reivindicando substancial recurso da Taxa de Seguro Incêndio revertido em aperfeiçoamento técnico, modernização dos equipamentos, viaturas, com alto nível de treinamento. A instituição deveria ser o modelo padrão, a referência de recursos modernos de alta tecnologia, para que as empresas a copiassem. Deveríamos ter uma única legislação brasileira de incêndio, modernizando o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico com padrões NFPA (National Fire Protection Association).

Temos excelentes profissionais no ramo, mas a grande maioria não tem acesso à capacitação com treinamento adequado porque os recursos são limitados pelo Estado ou por empresas privadas. Nem todos possuem ou utilizam os EPIs e equipamentos apropriados para o bom desempenho das suas respectivas funções no combate ao fogo. Embora isso seja uma realidade, também é real que estamos mudando conceitos e revisando nossa maneira de enxergar. Estamos avançando. Entre as tecnologias aplicadas que ainda não acessamos e estamos muito atrasados estão os extintores.

Extintores

No mercado mundial existem extintores para todos os tipos de fogo, eficientes, modernos, com alta capacidade extintora, multiuso e para  riscos específicos. Existem extintores totalmente em aço inox, em alumínio, contudo, a grande maioria com garantia mínima de cinco anos. O extintor (ABC), três classes de fogo, à base de fosfato monoamônia é um dos mais usados no mundo. Protege a indústria e comércio, em geral, há praticamente 50 anos. No Brasil, estamos tentando implantar há aproximadamente dez anos e ainda temos resistência. O extintor especial classe K (Kitchen), indicado para cozinhas industriais, protege contra seus riscos específicos: gorduras, óleo animal e vegetal. Amplamente usado em cozinhas industriais em geral. No Brasil, totalmente desconhecido. O extintor water mist classe AC (não condutor de eletricidade), fabricado em aço inox é indicado para salas de ressonância magnética e deveria estar presente nestes locais de risco, sendo proibido o uso de extintor comum neste local de risco. Equipamento totalmente desconhecido no Brasil. Já o extintor BCK, tipo fast flow, classe B (bicarbonato de potássio) é ideal para combater fogo em vazamentos de combustíveis e gases sob pressão e indicado para a indústria de petróleo. O extintor classe D tem projeto específico para combater incêndio em materiais pirofóricos, como magnésio, titânio, alumínio, entre outros. Por último, o extintor halogenado, classe C, não condutor de eletricidade, é indicado para eletrônicos sofisticados, CPDs, telefonia e salas limpas e o extintor espuma, classe B, tipo AFFF/AR é ideal para riscos de derrames combustíveis líquidos.

Em todo mundo, os extintores possuem garantia de cinco anos e alguns de até 12 anos. Enquanto no Brasil, temos extintores de baixa capacidade extintora e garantia de apenas um ano. O nosso extintor mais usado é o PQS, classe BC, evidentemente com sua limitação técnica de risco e  classe de fogo. A capacidade extintora, conceito utilizado internacionalmente há décadas, ainda engatinha no Brasil. A culpa não é dos fabricantes, mas sim da cultura do mercado que não requisita nem exige qualidade necessária para proteger seu patrimônio e seus ocupantes.

Fonte: Brasil ainda desconhece novas tecnologias em segurança contra incêndio aplicadas no mundo