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Bombeiros trabalham com escassez de equipamentos, diz presidente da ASPRA

13 junho 2011

 Bombeiros trabalham com escassez de equipamentos, diz presidente da ASPRA

A equipe de reportagem do Consulado Social esteve na sede da Associação dos Praças, Soldados e Bombeiros da PM (ASPRA) e conversou com o presidente da entidade, soldado Marco Prisco sobre a situação atual do Corpo de Bombeiros de Salvador. Falta de equipamentos, duas viaturas em uso com pequenas avarias, além da falta de treinamento e aperfeiçoamento profissional são apenas alguns dos problemas enfrentados pela corporação.

“A estrutura do Corpo de Bombeiros na Bahia hoje é caótica com a falta de material, de efetivo, viaturas, além de material básico. O EPI (equipamento de proteção individual) não existe”, declarou o presidente.

Para Prisco, se porventura ocorrer em Salvador, um incêndio de grandes proporções, a cidade não terá condições para combater essas chamas por falta de estrutura básica de trabalho.

“Um exemplo foi aquele incêndio na estação telefônica da Oi que demorou dois dias para ser apagado devido à falta de estrutura básica. Em qualquer Corpo de Bombeiros do Brasil, no máximo de seis a oito horas ele estaria apagado. Mas aqui não tem equipamentos. Ao dar satisfações à imprensa, dizem que o incêndio é difícil, é complicado. Pura mentira! O governo fica empurrando com a barriga, não solucionando o problema e eu espero não ter uma ocorrência grave. Se existisse vítimas naquele caso da Oi, elas estariam sem vida com certeza”, relatou.

Ainda, segundo Prisco, a situação da estrutura física do 1º GBM (Grupamento de Bombeiros Militares) é precária e corre risco vir ao chão a qualquer momento. O prédio é antigo e quem está trabalhando no local, corre sério risco de morte. Inclusive o CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) já pediu a desativação do quartel.

“Aquele local é insustentável não tem condições dos bombeiros estarem ali porque é escorado com ferro. Várias salas foram desativadas por estarem em eminência de cair e já caíram rebocos e pedaços de pedra. A imprensa deveria entrar naquele quartel e ver qual é a real situação daquele lugar. Várias viaturas foram retiradas daquele local e encaminharam para o Iguatemi por causa dessa depredação. Até a imagem de Santa Bárbara que é a padroeira dos bombeiros, foi retirada de lá por causa disso”, disse indignado.

Para atender aos pedidos de Salvador e região metropolitana, que correspondem a 5 milhões de habitantes, existem apenas duas viaturas dos bombeiros e apenas um veículo de atendimento especializado para acidentes com vítimas em ferragens e quedas de muros. No interior, a situação ainda é bem mais complicada.

“Existem apenas duas unidades da Barroquinha e uma ambulância do Salvar em funcionamento.Temos apenas 98 unidades no estado da Bahia e necessitaríamos de pelo menos 1.150 viaturas no mínimo para cobrir essas unidades que a gente tem. Se acontecer um desabamento como o da Soledade que foi o mais recente, a viatura desloca e faz, como dizemos na linguagem policial, a “operação embuxo”. Não pode entrar, não pode atender por falta de equipamentos, e é só feita a presença mesmo. O Comandante por ter um cargo político e não tem culpa de nada, diz na imprensa que está esperando o equipamento chegar, esse equipamento vem da iniciativa privada. Infelizmente é uma sensação de falsa segurança que tem”, afirmou Prisco.

“Se acontecer dois acidentes de trânsito com vítimas presas em ferragens sendo um na Paralela e outro na Suburbana, por exemplo, terá de ser feito um sorteio para fazer o atendimento”, afirmou Prico. Ele informou que só existe uma viatura de auto busca de atendimento (ABS)  para vítimas presas em ferragens, soterramento e vítimas que caem em poço.

A corporação que foi criada em 1924, é composta por  2.082 militares, distribuídos em 15 grupamentos e cinco subgrupamentos em todo o Estado. “Estas unidades têm que atender a todos os 417 municípios baianos”, aponta Prisco.

“Temos 417 municípios e somos o quarto maior em extensão populacional e territorial e só temos quinze unidades de Bombeiros, imaginem como é o interior. Em Santo Antônio de Jesus temos uma unidade de Bombeiros e tem 27 policiais efetivos que cobrem 27 municípios, é um policial para cada município. E só tem em serviço cinco ou seis quando faltam e com duas viaturas velhas, aquelas usadas aqui. O espaço que tem é de iniciativa privada. Ainda tem a situação de Cruz das Almas que precisa de bombeiros especializados para os queimados no São João”.

“Os sargentos e bombeiros não têm um curso de formação de oficiais no estado da Bahia. Para isso, é necessário assistir aulas em outros estados, a exemplo de São Paulo, Pará, Minas Gerais, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Eles são formados na polícia e vão pra corporação dos bombeiros. O estado não investe em treinamento para bombeiros e temos que nos formar lá fora. Temos excelentes profissionais, mas, os praças que estão aqui tiram do seu próprio bolso”, esbravejou.

Para Soldado Prisco, o governo do estado esqueceu dos bombeiros e a falta de compromisso, não só com corporação e também com a população, é grande. “Esperávamos mudanças com esse governo atual e não houve melhoria para com o Corpo de Bombeiros. Entregamos um relatório ao governo e se fizéssemos outro colocaria que não mudou nada, piorou. Falta de tudo para a corporação e o governo não faz absolutamente nada para a segurança pública. Tem dinheiro para propaganda e com o que deve ser gasto, não se gasta. Faço um desafio ao governo: deixem a imprensa adentrar e verificar a escassez dos bombeiros. Cajazeiras têm 750 mil habitantes e não tem uma unidade do Corpo de Bombeiros. A unidade mais próxima é a do Iguatemi e se acontecer alguma coisa, o povo sofrerá as conseqüências. A culpa sempre será do trânsito e que não houve prevenção”

“É necessário ouvir as bases, ir aos quartéis, comprar viaturas, melhorar os equipamentos, qualificar o pessoal e melhorar o efetivo. Deveríamos aumentar dez vez o nosso efetivo para suprir a necessidade mínima e não a exata que a ONU exige. Deveriam ser feitos cursos anualmente e eles alegam que não tem recursos. Tem que ter pois são recursos para a vida. Se tem recursos pra propaganda, estádios de futebol, o que custa tirar esses recursos e investir no que realmente precisa? Eles mesmos um dia vão precisar”, frisou Prisco.

Um assunto discutido também foi à remuneração dos bombeiros. Hoje um bombeiro na Bahia ganha em média R$ 1.500 enquanto nos estados do Paraná e Brasília eles ganham R$ 4.000. “Somos o quinto PIB do país e o 19º salário do Brasil na categoria. Um exemplo Sergipe, que é o 21º PIB do país o salário lá é mais que o dobro nosso. Nas grandes economias a média é R$ 3.000 R$4.000 reais. Perguntamos aos cidadãos dessa cidade: Sua vida Custa quanto?”, questiona.

Fonte: Consulado Social

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