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A primeira impressão é a que fica

23 setembro 2011

Fonte: Canal Rh


por Lucas Toyama

 

A primeira impressão conta, e muito. A sabedoria popular também se aplica ao universo corporativo, onde a psicologia da imagem vem sendo utilizada para buscar o equilíbrio entre aquilo que a pessoa é e a imagem que ela deve passar como profissional, em função do cargo e da companhia que representa. “A forma de se vestir no ambiente de trabalho é vital, uma vez que a primeira impressão é totalmente focada na imagem e na linguagem não verbal. Nos primeiros 30 segundos de exposição, que são decisivos, a imagem é formada nesta proporção: 55% postura, 38% tom de voz e apenas 7% mensagem dita”, explica Marjorie Vicente, especializada em psicologia da imagem. Ela defende que um profissional vestido de forma adequada ao seu ramo de atuação e à cultura e aos valores da organização em que está inserido demonstra respeito pela mesma, zelo pela atuação profissional e transmite segurança para os clientes.

 

O chamado dress code, ou código que define que roupa usar em determinadas situações, tem sido tão importante que empresas focam seus negócios nesse segmento. É o caso da Boucle, que presta consultoria de imagem corporativa. “O trabalho vai além de ensinar as pessoas a se vestirem adequadamente. A proposta é ajudar empresas a solucionarem questões relativas à identidade visual e ao comportamento do pessoal, com a finalidade de transmitir profissionalismo”, explica a consultoria de imagem Gabí F. Souzä.

 

As empresas começam a encarar o assunto com seriedade. Afinal, toda corporação deseja transmitir uma boa imagem ao mercado, mas nem todas conhecem as ferramentas certas para isso. É aí que entra a consultoria de imagem corporativa. Foi o que aconteceu com a Marcam Contadores Associados, empresa da área de contabilidade e finanças. Ela precisava definir uma identidade corporativa sem, todavia, afetar consideravelmente as características pessoais dos colaboradores. “Não sabíamos o que era a consultoria de imagem e, conhecendo aspectos como combinação entre cores e tonalidades de pele e adequação de vestuário ao aspecto físico individual, encontramos uma fórmula que conciliasse a necessidade corporativa ao bem estar dos colaboradores”, diz Kleber Henke, sócio-diretor da companhia.

 

Diante da necessidade de apresentar uma imagem corporativa condizente a atributos como coerência, clareza e atendimento personalizado, foram escolhidas áreas mais críticas, justamente por envolverem atendimento ao cliente. “A partir disso, foi estabelecido um cronograma de atendimento individual, que envolveu desde aspectos comportamentais até a definição e compra de guarda-roupa mínimo”, explica Henke. O cuidado na forma de conduzir o processo foi fundamental. E esse zelo é, de fato, uma condição para o êxito de um projeto relacionado à imagem corporativa dos profissionais e, por extensão, da empresa.

 

Essa mesma precaução teve a equipe responsável por projeto semelhante na Robotton, empresa que faz gestão de imóveis e de condomínios. Como parte do investimento na qualidade dos serviços prestados, a companhia dá atenção especial à imagem dos colaboradores. “Primeiramente, houve uma conscientização, necessária para que cada uma das colaboradoras da recepção compreendesse o seu papel no atendimento ao cliente e como sua postura e imagem fazem a diferença”, diz Kelly Silva de Oliveira, gerente de RH da empresa. “Desde o início das atividades buscamos as melhores alternativas para alinhar e equilibrar a conscientização dos colaboradores em relação às necessidades de mudanças imediatas e de longo prazo, sempre com muita sutileza e profissionalismo, tomando o devido cuidado para não ofender ninguém”, completa.

 

Sem ofensa

 

Quando o assunto é roupa no ambiente de trabalho as chances de haver ofensas realmente existem. Para Gabí, isso acontece quando a companhia não tem nenhuma política estabelecida em relação à imagem e, de repente, começa a exigir que seus colaboradores utilizem o famoso “bom senso”, que pode significar conceitos diferentes para cada pessoa. “Aí, sim, há o desconforto, pois o colaborador não sabe o que está sendo exigido e tem o direito de pensar que está sendo ofendido”, explica.

 

Para evitar saias justas, programas de treinamento são recomendados. “Conforme o andamento do programa, o funcionário percebe que só tem a ganhar investindo em sua imagem profissional. Afinal, o colaborador considerado qualificado é aquele que assume a política da empresa e faz o melhor para representá-la e, assim, ganha a confiança de clientes, colegas e superiores, como também, pontos no currículo”, diz Gabí.

 

Atenção à informalidade

 

O boom das empresas de tecnologia, na década de 90, inaugurou mudanças importantes na forma de fazer negócios e até de se vestir dentro das corporações. Os donos dessas empresas eram jovens, recém-formados, que levaram a informalidade para o dia a dia corporativo. “Acredito que esse código ficará apenas em áreas mais informais, como publicidade, comunicação, moda e marketing”, defende Gabí. “Há setores como bancos, finanças, governo e direito que precisam se manter formais”, emenda.

 

Marjorie concorda. “Eu sempre digo nos meus treinamentos: ‘se você é publicitário e, no primeiro dia de trabalho, olha ao seu redor e só encontra pessoas despojadas, com piercings e cabelos coloridos, corra para fazer a tatuagem dos seus sonhos. É sua chance. Mas, se você deseja trabalhar em um renomado escritório de advocacia, compre um excelente terno. As pessoas possuem uma idéia de que tipo de profissional irão encontrar em cada ambiente, e associam sentimentos e sensações a isto”, diz.

 

Para aproximar um pouco mais esses dois mundos e minimizar de alguma forma o tom sisudo que caracteriza muitas instituições, surgiu o Casual Day (Dia Informal). Contudo, o que era para reduzir o nível de estresse e incentivar momentos de descontração entre funcionários acabou virando polêmica. “O guarda-roupa menos formal vem sendo confundido com guarda-roupa de final de semana levando os profissionais a se vestirem de maneira inadequada e até mesmo desleixada”, afirma Gabí.

 

Nestes casos, mais uma vez, cabe à empresa definir e orientar os colaboradores. “É importante uma comunicação direta, seja por intranet, internet, e-mails, impressos ou palestras e treinamentos orientados por consultores de imagem”, explica.

 

Essas ações devem ser realizadas com muito cuidado para que não sejam impositivas, não se transformem num tiro no pé nem sufoquem a individualidade dos profissionais. As regras, no entanto, devem existir. E precisam ser seguidas. “Um jogador de futebol profissional sabe que, ao ser contratado por um clube, deverá usar o uniforme que o representa. Assim como um ator sabe que deve usar um figurino específico para viver um personagem. Em todas as profissões a vestimenta simboliza o quão comprometido você está com seu trabalho e o quanto o valoriza”, finaliza Gabí.

 

Confira os principais erros dos funcionários ao se vestirem para o Casual Day.

 

Homens

– jeans desgastado, com barra desfiada ou cheio de bolsos;

– calças com elástico na cintura;

– camisetas estampadas com nomes de bandas, lugares, desenhos, dizeres, piadinhas, times de futebol;

– regatas;

– moletons;

– bonés;

– roupas estilo exército ou camuflagem;

– tênis ou sapatênis (casual não é esportivo);

– shorts ou bermudas;

– chinelos;

– meias de futebol, meias brancas.

 

Mulheres

– Tomara que caia, tops ou barriga de fora (mesmo que sutilmente);

– tecidos muito brilhantes;

– jeans justíssimos ou com muitos detalhes, como bolsos, bordados, lavagens muito contrastantes;

– sandálias muito abertas ou chinelos;

– tecidos aderentes ao corpo;

– detalhes ou peças com estampas imitando pele de animais;

– roupas de ginástica;

– shorts e bermudas curtas e justas;

– roupas insinuantes.

Fonte: A primeira impressão é a que fica